Relato do Evento “Comida, não Tiros”

Relato do evento “Comida, não Tiros”
Contrariando todas as previsões do tempo felizmente na manhã do dia 20 de dezembro não choveu, não que somos contrárixs a chuva, mas que nesse dia várias pessoas estavam envolvidas para fazerem uma linda atividade em praça pública, na cidade de Camaçari/BA (região metropolitana de $alvador/BA) e tinha como objetivo a propaganda e a formação dxs que ali estivessem.

Como tudo começou

Foi através de um contato que tivemos com xs companheirxs do Coletivo Maria Baderna (que entre sua maioria são estudantes secundaristas do IFBA) que estiveram presentes em duas atividades que organizamos, na 10º Banquinha Libertária A Propriedade é um Roubo e também no Ciclo de Debates Libertários, e foi ai que nos disseram que iriam organizar uma atividade na praça de Camaçari, e logo nos interessamos em levar a banquinha desse mês para lá, e durante a semana também recebemos o convite de intermediar uma roda de conversa sobre anarquismo, na qual aceitamos com bastante alegria.

Chegando em Camaçari

Combinamos com algumas pessoas de $alvador em se encontrar na estação da Lapa as 07:00 e irmos juntxs para o evento que estava marcado para as 09:00, após uma viagem de uma hora e meia chegamos, e fomos recebidxs por integrantes do Coletivo Maria Baderna na rodoviária e nos levaram até a Praça Abrantes, no centro de Camaçari. 
Chegando lá já estava pronta a banquinha de comida vegana gratuita e também algumas faixas e cartazes, e fomos logo montar a nossa Banquinha Libertária a Propriedade é um Roubo (materiais libertários e anarquistas gratuitos), tudo em um clima muito amistoso e receptivo.

 11º Banquinha Libertária – A Propriedade é um Roubo

Para essa banquinha especial, e que também era a última do ano preparamos livros, textos e zines de diversos coletivos e temas, foi a banquinha que imprimimos mais materiais de todas as outras banquinhas, tudo para ser pego gratuitamente, buscando construir relações para além do capital. Teve uma dinâmica bem interessante, pois algumas pessoas que participavam do evento se colocaram espontaneamente para distribuir e falar da proposta da banquinha para a população que ali passava. A banquinha esteve presente durante o evento todo, onde além das pessoas que estavam no evento a própria população que ali passava também buscavam os materiais de sua preferência.

Sarau Libertário
A primeira atividade do evento foi o sarau, e quem abriu foi xs companheirxs do Coletivo Maria Baderna, com poesia e músicas, e logo depois outras pessoas também se colocaram a declamar poesias e também cantar músicas, tudo aos olhares da população que ali passavam, algumas de passagem com suas compras se deparavam com essa atividade anarquistaacontecendo e que nada lembrava esse período de consumismo natalino; outras se sentiram convidadas/motivadas para entrar na roda.
Distribuição Gratuita de comida vegana para a população


Durante todo o evento esteve presente uma mesa com salgados, bolos, frutas, tudo vegano e gratuito, e durante os intervalos de cada atividade xs participantes passavam com as bandejas de comida vegana pela praça distribuindo para a população e também informando que aquela alimentação não havia nada de origem animal, um gesto de propaganda pela prática sobre o veganismo.

Rodas de Conversas

Todas as rodas de conversas foram feitas de forma autogestionária, sem mesa ou pessoa que coordenava as ordens das falas ou mesmo dizia qual caminho que aquela conversa deveria seguir, ou seja deixando todas as pessoas com a liberdade de falarem o que quiserem se caso tivessem interesse.

Na primeira roda de conversa foi com o tema veganismo, e quem intermediou foi uma pessoa do Coletivo Maria Baderna, que leu um ótimo texto tratando das diversas questões que envolvem o veganismo e fazendo duras críticas no que condiz a ditadura da carne e suas consequências. Após isso houveram diversas intervenções, que buscavam tanto complementar o debate que estava posto como também tiravam dúvidas sobre questões que são tão pouco discutidas em diferentes espaços tanto anarquistas como não anarquistas.

A segunda roda de conversa foi com o tema anarquismo, e quem intermediou foi uma pessoa da Rádio Cordel Libertário, que iniciou a conversa falando da origem da palavra anarquia, anarquista, anarquismo, e as diferentes correntes do anarquismo, mostrando assim a pluralidade existente no anarquismo, e que essa seria a riqueza dele. Após isso falou um pouco de alguns teóricos e livros clássicos do anarquismo, e em seguida sobre o anarquismo no brasil desde o anarco-sindicalismo até xs anarcxpunks. Durante esse bate papo também houveram diversas intervenções, algumas um pouco acaloradas, mas todas de forma bem respeitosa.
Já a terceira e última roda foi sobre transfeminismo e quem intermediou foram duas mulheres trans, uma delas do Coletivo Maria Baderna, e a outra pessoa também uma ativista na luta trans. Esse foi um bate papo mais de dúvidas das pessoas que ali estavam do que comentários, devido a falta de espaços que debatam esse tema, mas nem por isso deixou de ser rico, pelo contrário, pode se entender muita coisa que envolve o debate e a vida das pessoas trans, tanto institucionalmente, com o e$tado criando diversas barreiras para que uma pessoa trans possa viver da forma que deseja, seja por exemplo na escolha de seu próprio nome social, e também nos hospitais, não respeitando as escolhas que essas pessoas fazem, como também foi falado sobre o transfeminismo e feminismos, e como ambos se relacionam.
Encerramento ou até a próxima

Após a conversa sobre transfeminismo foi feito uma roda de conversa para que cada pessoa pudesse falar sobre as suas reflexões de como foi o evento e o que sentiu, e pode se verificar nas falas a importância que foi esse evento para muitas pessoas e sobre a necessidade de que mais momentos como esse pudesse acontecer.
E que venha o próximo……..